Web 2.0: um instrumento para
Educação Musical
O processo de Inclusão
Digital não se restringe apenas ao fato de possuir um computador com acesso à
internet, pois outras questões relevantes estão associadas a esse processo.
Partindo desse princípio, conclui-se que o ponto principal na viabilização do
processo de inclusão digital é a educação, pois nos últimos anos cresceu
consideravelmente o número de pessoas com acesso à internet. Num primeiro
momento, achava-se que o simples fato de conectar as pessoas à internet fazia
com que estivessem incluídas digitalmente. No entanto, considera-se que plugar
na internet é fácil, o difícil é se incluir digitalmente. Diante desse desafio, entende-se que cabe ao
governo a disponibilização de acesso a computadores estendidos a todas as
classes sociais, incentivando o uso das tecnologias a serviço da educação, como
construção de conhecimento, acesso à informação, interação e socialização.
O contexto da contribuição da Web 2.0 nos
sistemas de educação online destaca a importância da construção do conhecimento
coletivo. Os sistemas de aprendizagem virtuais dão ênfase ao ensino aplicado
com a participação dos alunos e professores. As ferramentas da Web possibilitam
ofertar ao ensino um novo olhar, com ênfase ao conhecimento coletivo. Essa
ferramenta é referência para utilização dos blogs,
wikis, podcasts, em função de serem as mais difundidas utilizadas nos
meios educacionais e pedagógicos, podendo ser usados para diversos fins.
Muitos consultores defendem o uso
intensivo da Web 2.0 na educação. Necessitando que o educador incentive os
alunos a utilizarem essas ferramentas com bom senso e direcionada como meio de
elevação do patamar do conhecimento entre os membros de uma rede social como
construtor da informação, permitido uma total integração.
Estamos atualmente navegando em um novo
contexto tecnológico. As transformações relacionadas ao advento das novas
tecnologias digitais produzem um espaço em rede que relaciona diversos tipos de
informações. Este espaço altamente técnico e instantaneamente conectado
solicita novas resoluções para as questões relacionadas com a educação.
A maior característica dessa mudança na
internet é o aproveitamento da inteligência coletiva. Além disso, a Web 2.0 se
baseia no desenvolvimento de uma rede de informações onde cada usuário pode não
somente usufruir, mas sim contribuir.
A segunda geração web alterou o modo
como a sociedade interage com a tecnologia. Isso deve se refletir no contexto
educacional, pois alguns educadores já publicam seu planejamento de curso
on-line, alguns grupos de trabalho se reúnem em webgroups, utilizam flickr,
blogs, face book, orkut e criam
comunidades virtuais educacionais. Há um grande potencial de aproveitamento da
web 2.o na educação dos jovens; se tratarmos a utilização dessa plataforma como
mediadora da aprendizagem, enquanto exercício de cidadania digital dos
estudantes.
Ainda existe o moodle, onde o aplicativo torna cada vez
melhor a cada nova interação dos usuários, as próprias discussões nos fóruns,
entregas de tarefas e até mesmo as atividades criadas pelos educadores.
A principal característica web 2.0 é a
possibilidade de interagir grupos e pessoas entre si. Tornar-se o centro das
atenções pela relevância do seu conteúdo, e não pelo seu poder de emissão. Os tradicionais veículos de comunicação estão
perdendo espaço dia após dia para a web 2.0. As características web 2.0 é se
envolver com o público. É o público interagindo com os seus semelhantes.
A velocidade com que
estes tipos de sites e comunidades estão crescendo é impressionante. Se
tomarmos por base os Estados Unidos, verificamos que 55% dos entrevistados não
assistem programas de TV. 70% das Crianças com menos de 11 anos não utilizam a
televisão.
As principais características web 2.0 são:
transparência e verdade, vários emissores, vários receptores, possibilidade de
interação entre os usuários do meio e várias fontes de opinião o contribui para
confiabilidade das informações.
Dentro deste contexto tecnológico e
educacional insere-se a educação musical. Sabe-se que a utilização das
tecnologias de informação e comunicação nas aulas de música é algo bastante
usual. Não se consegue mais pensar em aulas de educação musical sem um aparato
tecnológico por mais simples que seja como um tocador de CD, por exemplo. No
entanto, com a revolução tecnológica advinda da web 2.0. todos os recursos
citados anteriormente (blog, podcast, fóruns, moodle e etc.) estão à disposição, gratuitamente,
para que as aulas de educação musical sejam mais adequadas à realidade dessa
geração de crianças e jovens que surge no século XXI.
Recapitulando,
o grande diferencial da web 2.0 não está em sua estrutura tecnológica e sim nas
mudanças da forma de se interagir com a internet por parte dos usuários. Essa
nova forma de estar on line é mais
descentralizada e o indivíduo assume uma postura ativa e participativa na
produção, seleção e troca de conteúdo postado em determinado site por meio de
plataformas abertas, ou seja, direto na rede. Assim, esses ambientes virtuais
mantém disponíveis todo tipo de arquivo (texto, vídeos, imagens e etc.) on line podendo ser acessado por
qualquer pessoa de qualquer lugar ou momento desde que conectada à rede evitando-se
a necessidade de se gravar em um determinado computador os registros de uma
produção ou alteração de qualquer documento multimídia. Existem inúmeras
ferramentas com esse perfil disponível na web 2.0. e que são extremamente úteis
para a educação musical, uma delas é o podcast.
“Podcast é uma forma de
transmissão de arquivos multimídia na internet criados pelos próprios usuários.
Nestes arquivos, as pessoas disponibilizam listas e seleções de músicas ou
simplesmente falam e expõem suas opiniões sobre os mais diversos assuntos, como
política ou o capítulo da novela. Pense no podcast
como um blog, só que ao invés de escrever, as pessoas falam.” (Martins, 2008)
Trata-se de uma mídia recente no Brasil
atingindo poucas pessoas que se assemelha a um programa de rádio, porém sua
diferença e vantagem primordial é o conteúdo sob demanda. Você pode ouvir o que
quiser na hora que melhor lhe for conveniente. Basta acessar e clicar no play
ou baixar o episódio. (Miro, 2014)
Mota & Coutinho,
2009, apresentam um relato de caso em que o podcast
foi utilizado como ferramenta nas aulas de educação musical para adolescentes
do 6º ano do ensino básico na cidade do Porto, Portugal.
A primeira atividade
foi a gravação de uma música estudada e interpretada em sala de aula que foi
gravada e disponibilizada no podcast.
Para essa atividade deram o nome de "pequena brincadeira". Segundo
Mota & Coutinho, 2009, os alunos se divertiam ao ouvirem a gravação e
demonstravam satisfação em compartilhar com outros amigos extra sala.
A segunda atividade foi
denominada "Compositor Secreto" e consistiu em uma publicação de um
excerto de uma obra de um compositor (o compositor secreto), uma imagem
distorcida da face do compositor e umas poucas dicas de sua biografia. O
objetivo era que os alunos pesquisassem por compositores possíveis baseado nas
dicas fornecidas e tecessem comentários tentando desvendar o mistério. A cada 10 dias, um novo excerto do mesmo
compositor era publicado, diminuída a distorção da imagem e mais dicas da
biografia. Ao final do mês o "Compositor Secreto" era revelado.
A terceira atividade, "Minha
Canção", tratava-se de um desafio para quem postava o arquivo de áudio e
para quem ouvia. Os alunos deveriam escolher sua canção preferida e gravar a
melodia através de instrumento ou voz, sendo que no segundo caso não deveriam
usar palavras, pois isso facilitaria muito a descoberta do nome da canção. Após
a gravação deveriam criar um episódio no podcast
e disponibilizar o arquivo de áudio para o restante da sala. Todos os alunos deveriam ouvir e tentar
descobrir qual o nome da canção e quem era o intérprete de cada publicação
tecendo comentários no próprio site.
A quarta atividade,
"Vamos Tocar", consistiu na interpretação na flauta doce de uma peça
escolhida pelos autores e disponibilizada a partitura para todos os alunos.
Cada aluno deveria gravar sua própria interpretação e disponibilizá-la no site.
Foi realizada uma votação para escolha da melhor interpretação.
A quinta e última
atividade, "Um pouco mais de ....", era relativa à história da
música. Em grupos, os alunos realizaram pesquisas sobre diferentes períodos da
história da música (Idade Média, Barroco, Romantismo, etc.) e criaram um resumo
contendo as principais características, obras e compositores. A partir do
resumo foi criado um episódio no podcast
para que os outros grupos tivessem acesso à informação.
Com essa experiência,
os autores Mota& Coutinho, 2009, concluíram que a participação e interesse
pelas aulas de educação musical foi alterado de forma positiva.
“Através dos resultados obtidos, podemos
concluir que o podcast é uma
ferramenta útil à disciplina de educação musical, nomeadamente à nível das
competências auditivas e tecnológicas. Claro que, como todas as tecnologias,
esta deverá ser integrada de forma efetiva e eficaz na sala de aula. É
importante ressaltar que o nível de motivação dos alunos aumenta ao utilizar o podcast, devido ao fato de termos obtido
bons resultados numa área temática à qual a maioria dos alunos não adere
facilmente.” (Mota & Coutinho, 2009: 5).
Concluindo, é possível atribuir o processo de
inclusão digital diretamente a questão da educação: agregar conhecimentos
(neste caso, por meio de recursos tecnológicos) para a vida. E o mesmo é
verdadeiro em relação a todas as esferas educacionais, incluindo a educação
musical.
A Web 2.0 possibilitou
a compilação de dados, informações e, a elaboração de sistemas de educação on line graças à inovação e o reporto à
construção do conhecimento coletivo, através dos blogs, wikis, podcasts e outros aplicativos.
Dentro
desse contexto tecnológico, pesquisadores na área da educação musical vêm
descobrindo muitas facetas para estimular os alunos, pois inevitavelmente as
informações correm na velocidade da luz acelerando a busca e a ânsia dos mesmos
em buscarem alternativas para acompanhar essas mentes inquietadas e sedentas
por novidades como as dos jovens e crianças dos dias atuais. Cabe a cada
educador desenvolver estratégias de ensino e metodologias capazes de instigarem
seus alunos aproveitando os recursos tecnológicos disponíveis como o podcast.
Autores :Arlindo Zanarde, Andrea Vieira Melo Sother, Claudio Marcio Goncalves, Daiane dos Santos Tessaro, Edivane Maria da Silva Mendonca, Fabiana M. Rodrigues Ferraz e Valdir Rodrigues da Silva.
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