A música na escola não é uma exclusividade do século XXI. Houve um tempo em que a música fazia parte do currículo escolar. No fim da década de 30, a educação musical no ensino básico caracterizou-se pelo canto orfeônico difundido por Villa-Lobos. Em 1970 o canto orfeônico é substituído pela disciplina de Educação Artística que deveria abordar entre outras formas artísticas, a música. Mas isso não ocorreu e paulatinamente a música deixou de ser um conhecimento e passa a servir de lazer e entretenimento fora da escola básica. Foi nesse contexto que em 2008, Roseana Sarney propõe a obrigatoriedade das aulas de música no ensino básico.
Uma vez sancionada a Lei 11.769 de 18 de agosto de 2008 que dispõe sobre a obrigatoriedade da disciplina de música no ensino básico, inicia-se um novo cenário na educação musical no Brasil.
A música em sua essência desafia o ser humano a uma infinidade de aspectos. Pode-se iniciar com a dificuldade de encontrar palavras e expressões escritas ou verbais que consigam dar-lhe uma definição abrangente. Os dicionários mais tradicionais a trazem como uma combinação de sons, incluindo o silêncio. Para os compositores, ela é a produto do seu trabalho. Para os educadores, o objeto de seu ensino. Para as mães, a mágica que faz o bebê adormecer. Para os soldados, a motivação que precisam para enfrentar a guerra. No universo espiritual, há os que dizem que a música é a língua utilizada por Deus, daí sua universalidade.
Educar nunca foi uma tarefa fácil mesmo no âmbito familiar que dirá no escolar onde cada indivíduo traz consigo não só a diferença da carga genética, mas simultaneamente a cultura, costumes e crenças. No caso do educador musical soma-se mais um desafio, ensinar uma disciplina que depende da obrigatoriedade da Lei para ser incluída no currículo escolar. Deste profissional se espera que construa caminhos que partam das experiências musicais dos alunos e levem à sua ampliação e enriquecimento. Para isso é preciso uma atitude reflexiva, ultrapassando o conhecimento técnico e submergindo no mundo e vivência do aluno, sua relação com a música popular e com a indústria cultural.
Sendo assim, muito trabalho ainda há pela frente. A história da música do povo brasileiro inicia mais um capítulo, mas ainda não é o fim.
